quinta-feira, 28 de maio de 2009

Tenho muita coisa pra contar parte II.

São 08:32 da manhã, e eu JÁ to em pé. Resolvi regular meus horários, e consegui. Não durmo depois das 1 da manhã jamaaais! Se eu vou dormir uma da matina, e acordar às 9 e meia, terei dormido 9 horas e meia, uma hora e meia a mais do que o corpo precisa pra poder funcionar bem em um dia, o que me faz então estar bem disposta quando acordar, e melhor, sem sono. Percebí o quanto isso me fez bem. Quando eu ia dormir mais tarde, e acordar maaais tarde ainda, eu ficava QUEBRADA. Agora não, agora to bem sussegada.
Alem de que regular meus horários foi bom tambem porque meus estágios começaram. Eles começam a uma da tarde, só que as vezes eu preciso ir pegar ônibus, então tenho que chegar mais cedo... Aí, sou obrigada a acordar cedo pra arrumar minha mochila com tudo que preciso levar, passar meu jaleco, minha roupa branca e a roupa que usamos em UTI ou Centro cirurgico, almoçar...
Enfim, o assunto da mala extraviada foi resolvido, e minha vida de estudante que só se fode voltou ao normal.
Cheguei de viagem numa terça, e na sexta, já começava meu estágio clínico, que foi na UTI do Hospital João Paulo II, onde se encontra o pronto socorro daqui, que por sinal é bem lotaaaaado, e tem leito até no chão, no meio da sala de espera... Assim, dá pra ter uma idéia, mas estava beeem pior que isso:

*Pronto socorro do hospital João Paulo II - Porto Velho RO.

O primeiro dia de estágio pra todo mundo é medonho, ainda mais em uma área que você nunca entrou. Foi meu primeiro estágio na UTI, e meu Deus, como foi legal.
O cuidado com um paciente em leito de UTI é beeeeeeeeem minucioso, detalhadinho, porque um erro que você comete, vc pode matar um paciente.
Fiquei com muito medo no primeiro dia de errar, fazer merda, e essas coisas de estagiário.
Aí, você vê que a teoria que você aprende a faculdade é ótima, claro! Porque se você sabe teoria, você vai se desenrolando na prática. Mas é TOTALMENTE diferente, fazer procedimentos em bonecos, e em homens, mesmo você sabendo teoria...

1) Eles sentem dor.
2) Eles se mechem.
3) Na teoria é tudo tão facinho, mas na prática, FAZER é diferente...

Enfim, eu não to reclamando sabem? Porque eu adooooorei a UTI.
Só que o que realmente agente queria já TER é prática, mas isso só com o tempo né, infelizmente.
Quando você vê um paciente que precisa alí da sua ajuda, você faz de tudo pra tentar ajudar aquela pessoa.
Alí, qualquer pessoa, é apenas uma pessoa na maioria das vezes, em coma, precisando da sua ajuda!

No 1o dia não fizemos muita coisa. Conhecemos a UTI, os funcionários de lá, a rotina de funcionamento.
A professora nos deu pacientes para evoluir e cuidar conforme o prontuário. Evoluir o paciente significa fazer um exame físico nele. O exame físico inclui ausculta, percussão, e palpação, são verificados todos os sinais vitais do paciente, cada detalhe é anotado, pois o exame físico é céfalo caudal, ou seja, da cabeça até os pés, todos os detalhes verificados da cabeça aos pés são anotados. Todos os procedimentos feitos naquele paciente, também são anotados. No caso da UTI, onde muitos pacientes estão em coma, verificamos o grau de coma em que ele está, se ele está em coma induzido (quando o paciente está sedado para que não sinta dor, tadinho né? :/ ) ele é avaliado em escala de RAMSAY, e se ele está em coma por algum fator neurológico, ele é avaliado na escala de GLASGOW.
Meu primeiro paciente, estava em escala 3 de RAMSAY, porque quando eu perguntei: 'SEU "JOÃO" O SENHOR TÁ ME OUVINDO? SE TIVER, APERTA MEU DEDO' E ele, com um esfoooorço, apertou devagarinho. Ele era pós operatório de Laparotomia exploratória ( Abertura da parede abdominal, para observar o organismo... Quando os médicos, não conseguem ver pelos exames o que o paciente tem, eles operam.)
Toda vez que agente pega um paciente em coma, temos que ter muito cuidado com o que falamos perto dele, pois, mesmo se ele tiver alí, beirando a morte, ele ouve. O ultimo sentido que perdemos, é a audição. É impressionante mesmo, pois você vê o paciente alí entubado, respirando com a ajuda de aparelhos... E mesmo assim, saber que aquela pessoa te ouve. Pode ser beeeem de longe, como se fosse quase um 'sonho' pra ela, mas ouve. E pode até responder a estímulos.
Enfim, no ultimo dia, pegamos um paciente que já estava em escala 6 de RAMSAY ( A escala vai de 1 a 6, e quanto maior o número, o coma é mais profundo), e não respondia nem a estímulos dolorosos, e nem a luminoso. A pupila dele estava completamente dilatada e imóvel... Ele tinha tido um AVC ( Acidente Vascular cerebral, VULGO derrame) e um DVE (derivação ventricular externa, que é um sangramento em um compartimento intra-craniano).
Outra coisa que me chamou muito a atenção, foi o número de pacientes que estavam na UTI por acidente de moto. E MEU DEUS, eles chegavam MAL. Mas MAL mesmo. Muitos traumas, escoriações, lacerações... Teve um que teve Trauma de face, e tava com o rosto tooodo costurado.
Acidente de moto, infelizmente, chega a ser pior do PIOR que eu já pensava.
Mas o ultimo dia, foi inesquecível. Presenciamos o primeiro óbito da nossa vida profissional. E foi foda. Pra falar a verdade, até hoje quando eu lembro é foda. A paciente estava em coma também, e na hora da visita, assim que os pais dela chegaram e falaram com ela, ela começou a parar. Foi aquilo bem dela ter 'esperado' os pais... Isso que foi mais impressionante.

Mas enfim, tenho mais coisas pra contar ainda, afinal já to até estagiando em outro lugar. E ontem também, foi um dia bastante difícil aqui em casa pra todo mundo. Mas agora deu preguiça de continuar, na boa. HAHAHA.

2 comentários:

  1. Interessante esse esquema do Glasgow, smp ouvia isso e ñ sabia oq era.
    "Fiquei com muito medo no primeiro dia de errar, fazer merda, e essas coisas de estagiário." ri alto!!!

    ...coloquei o link do teu blog no meu ;)

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